domingo, 17 de setembro de 2017

Racismo em Marly-Gomont


Descrição para cegos: foto promocional do filme mostra Seyoko, esposa, filho e filha em uma rua de Marly-Gomont. Pai e mãe seguram guarda-chuvas abertos.

Por Luana Silva

Seyolo Zantoko é um jovem médico do Congo formado na França. Pensando em estabelecer-se no país junto com sua família, resolve trabalhar em uma pequena cidade chamada Marly-Gomont. No entanto, algo impede que sejam bem recebidos naquele lugar: a cor de sua pele. Essa história aconteceu nos anos 70 e inspirou o filme Bem-vindo à Marly-Gomont, do diretor Julien Rambaldi, lançado em 2016.
O povoado ao norte da França estava há algum tempo sem médico. Por ser uma área rural, poucos profissionais se dispunham a trabalhar lá. Seyolo chega ao local bastante entusiasmado com seu novo emprego e aguarda ansiosamente os primeiros pacientes.



As pessoas de Marly-Gomont nunca tinham convivido com uma pessoa negra; por sua vez, Seyolo e sua família enfrentam situações de racismo que jamais imaginariam passar. Apesar de a cidade não ter um profissional de saúde há muito tempo, o consultório não recebe nenhm paciente, afinal, onde já se viu um médico negro?
Bem-vindo a Marly Gomont se passa na França rural dos anos 70, mas não é preciso voltar no tempo ou mudar de país para conhecer histórias semelhantes, mesmo que mais sutis. Em 2013, quando o Brasil implantou o programa Mais Médicos, profissionais negros vindos de Cuba foram alvo de manifestações preconceituosas como a mostrada neste vídeo, ocorrida em Fortaleza (CE). Os anos passam e muitos ainda têm o pensamento escravocrata, que destina às pessoas negras apenas o trabalho braçal.
A história do filme é um retrato do racismo na sociedade que, até os dias atuais, não aceita que os negros ocupem determinados espaços de trabalho, tanto que eles ainda são minoria nos cursos superiores. No Brasil, um estudo do Inep, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, constatou que entre os formados em Medicina de 2010, apenas 2,66% eram negros.

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